Inimiga Perfeita
Título Original: A Perfect Enemy
Gênero: Suspense
Ano: 2020
Classificação: 4
País: Espanha
Plataforma: Netflix
Crítica
Um arquiteto bem-sucedido dá carona para o aeroporto a uma jovem. Enquanto espera por seu voo em um terminal que ele mesmo projetou há 20 anos atrás, esta mesma jovem o reencontra e insiste em contar alguns acontecimentos de sua vida para ele, por suas histórias terem algum tipo de semelhança o encontro fica cada vez mais estranho.
Jeremy Angust (Tomasz Kot) tem uma carreira de grandes feitos e com obras importantes, como palestrante ele retorna a Paris após 20 anos e é quando a partir de uma situação inusitada o filme começa a se desenvolver. Um homem sério e aparentemente correto, essa é a imagem onde o filme concentra seus esforços para nos ludibriar sobre sua verdadeira intenção. A jovem Texel (Athena Strater), consegue convencer Jeremy a ouvir sua história enquanto aguardam pelos seus voos. É importante ressaltar que até aqui o filme vinha em um ritmo agradável, provocando uma ótima tensão e curiosidade sobre o porquê essa tal menina importunava o gentil homem que havia lhe cedido uma carona, mesmo podendo perder seu voo, a partir daí o longa entra em um looping tortuoso onde demora a chegar a um ponto que realmente interesse.
Partindo de uma premissa bem interessante o longa demonstra enorme potencial, mas trabalha de forma cansativa o teor psicológico e apesar de cuidar para não deixar arestas a serem aparadas, há vários furos em seu roteiro e alguns momentos da vagarosa história contada pela menina não causam o impacto que era visivelmente desejado pelo diretor. Há enorme perda de tempo com trechos que pouco importam para a trama e muito menos dão lastro para que possamos dimensionar esta confusa personagem.
Para ser justo, o filme até dá asas para nossa imaginação, nos possibilitando suspeitar de possíveis desdobramentos, mas incomoda bastante a forma como os fatos são apresentados, uma hora sendo imaginação, outra “’realidade”, algo que remete aos filmes dos anos 90 com uma reviravolta incrível no final onde simplesmente o fim explica os meios. O propósito é enganar o telespectador a todo o tempo, nos deixando perdido e sem entender a motivação daquela jovem.
Conforme dito o enredo parecia promissor, mas acredito que o filme se perdeu desde o momento em que tentou apostar tudo em um grande “plot twist” final, que têm como único propósito nos enganar (algo falho também já que desde antes da metade do filme fica claro o que está acontecendo ali), mas não nos engana como telespectador, se aproveitando de um final já conhecido e recheado de clichês. Tudo isso poderia até ser divertido, caso o filme não fosse extremamente lento e cansativo.