Como Não Perder Essa Mulher
Título Original: Don Jon
Gênero: Comédia, Drama
Ano: 2013
Classificação: 8
País: Estados Unidos
Plataforma: Telecine
Don Jon (Joseph Gordon-Levitt) é um homem atraente que não consegue se prender a ninguém. Dedicado a manter sua boa forma e ter uma vida saudável, ele também se dedica a seus amigos, sua família e a igreja, porém ao assistir pornografia na internet ele acaba por desenvolver expectativas irrealistas ao se relacionar com mulheres, até que ao conhecer Bárbara (Scarlett Johansson) ele passa a acreditar que pode ter encontrado o amor de sua vida, mas para que dê certo, será necessário de mudar seus perversos hábitos.
Antes de tudo, é preciso chamar a atenção para o já conhecido mau gosto brasileiro em “traduzir” nomes de filmes, aqui parece ter havido uma tentativa de vender uma comédia romântica barata, já sabendo o apreço nacional pelo derivado gênero em uma forma apelativa de marketing, onde que “Don Jon” a meu ver seria puramente original. Apesar de ser um filme estabelecido como comédia, ele levanta questionamentos mais profundos do que simplesmente propor risadas e ser um filme “bonitinho” como seu título nacional tenta sugerir, aqui temos uma proposta de forma inteligente por um debate sobre um amadurecimento na relação entre casais, tendo como pano de fundo a pornografia.
O longa de cara já chama atenção por tocar em um tema que por vezes ainda é tratado como tabu quando falado abertamente e o filme muito bem dirigido, roteirizado e protagonizado por Gordon-Levitt proporciona uma imersão na vida de Jon que em sua intimidade se aproveita de todo o conteúdo que a internet o pode oferecer no quesito pornográfico. É uma sacada bem bacana algumas cenas que se repetem dia após dia, algo proposital que consegue envolver o telespectador nos inserindo de fato na rotina do personagem principal, tornando até as inusitadas situações cotidianas de Jon engraçadas.
Um grande acerto é a escolha por Scarlet Johanson que representa muito bem a imagem da sexualidade feminina que o filme tenta propor, causando um dilema brutal na cabeça de Jon, sobre o que ele sente mais prazer, se relacionar com uma mulher de carne e osso, ou buscar diversas possibilidades pornográficas no mundo virtual. Outro ponto bem bacana é como o longa aborda o estereótipo de filmes que são vendidos a uma mulher e o filme que pode ser vendido a um homem.
“Don Jon” ainda aborda de forma divertida temas sensíveis e apesar de algumas cenas um pouco mais pesadas, ele consegue seguir com até certa leveza tendo em conta o tema abordado. A direção de Gordon-Levitt surpreende por conseguir ser direto e objetivo, que em um ritmo muito bom entrega tudo que ele parece ter pensado para a sua trama.
Embota haja algumas inconsistências no roteiro como o caricato personagem Bobby (Rob Brown) e o final que poderia ter sido um pouco melhor, já que o filme deixa a impressão de que ainda tinha mais lenha para queimar, o primeiro trabalho de Joseph Gordon-Levitt como diretor é bem positivo por abordar de forma corajosa um tema que pode causar rejeição instantânea. Ainda há uma pitada sarcástica de humor negro e uma elegante participação como coadjuvante de Juliane Moore.