Batman
Título Original: The Batman
Gênero: Ação, Policial, Filmes de Heróis
Ano: 2022
Classificação: 9
País: Estados Unidos
Plataforma: Cinema
Crítica
O novo filme da franquia Batman chega com grande expectativa por parte dos fãs que esperavam ansiosamente para dissecar o Batman dirigido por Matt Reeves e estrelado por Robert Pattinson. E realmente há muito o que analisar nesta precoce releitura do Batman.
Aqui vemos um ainda desconhecido Batman em início de carreira, que tem como aliado fora da batcaverna apenas o detetive James Gordon (Jeffrey Wright), que banca a ajuda do Morcego nos casos de assassinatos que perturbam a cidade, mesmo com a desconfiança de todos os policiais. Embora o filme flagre o herói em seu segundo ano combatendo o crime, já é possível ver que a sua fama se espalhou por entre os marginais que infernizam Gotham, pois eles se tremem de medo quando veem o famoso batsinal iluminando o céu.
Ícones do personagem não faltam, como o batmóvel, que amedronta os bandidos e proporciona uma cena de perseguição incrível contra o Pinguim, e também a sua tensão amorosa com Selina Kyle, a Mulher Gato (Zoë Kravitz). O olhar de um triste Bruce Wayne também é perceptível, assim como o seu sentimento paterno para com Alfred Pennyworth (Andy Serkis).
Este é um Batman jamais visto no cinema, muito mais próximo do que é o herói nas revistas em quadrinhos, neste filme de aspecto noir Batman é um grande detetive, que segue pistas para resolver os problemas, ora acertando, ora errando, o que oferece uma pegada muito mais humana ao personagem.
O filme é totalmente sobre o Batman e muito pouco sobre Bruce Wayne, daí fica até difícil avaliar a atuação de Pattinson como Bruce Wayne, já que a maior parte do tempo ele está sob o uniforme do Cavaleiro das Trevas. Aliás, de uma forma geral, não há como destacar atuações individuais neste filme, pois a caracterização dos personagens tende a esconder boa parte dos atores.
Este novo Batman é inconveniente, abusado, e se mete onde não foi chamado. É quase um fora-da-lei, bate em policiais (corruptos, diga-se de passagem), viola cenas de crime e invade estabelecimentos privados. Ele também é impiedoso, vingativo, e não se furta da vontade de socar um inimigo até quase provocar a sua morte.
Mas ele também tem a sua redenção, ouvindo a voz do Bruce Wayne que está sob as suas vestimentas, ele vê a hora de pegar mais leve e tentar resolver as coisas de outro jeito. Tanto que após o final do filme, certamente a população vai enxergar que aquele morcego forte e assustador, que por vezes também é lento e desengonçado, pode ser a chance de salvação da pior cidade do mundo. Como eu disse, há muito o que falar deste novo Batman, cabem páginas e mais páginas de análise sobre o seu perfil.
Mais verossímil, este filme quebra várias caracterizações do batverso, Pinguim (Colin Farrell) e Charada (Paul Dano) estão completamente diferentes daquilo que vem a mente quando mencionamos seus nomes. Pinguim está representado em sua versão mais humana de todos os tempos, com Colin Farrell praticamente irreconhecível. Já o Charada não tem nada de Charada, ele usa uma máscara que mais lembra o vilão Bane (Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, 2012), e quando finalmente seu rosto é revelado, temos uma atuação ruim de Paul Dano, extremamente forçada e apelativa.
Vale destacar que, salvo os últimos 30 minutos, o Charada é um grande vilão, e vou além: ele é tão sádico quanto o Coringa de Heath Ledger, e o seu plano é assustador, destrutor e impiedoso, ele vai provocar o caos em Gotham com cenas incríveis. Que grande vilão é o Charada neste filme!
Ainda sobre os vilões, John Turturro está demais como Carmine Falcone, e esse é outro ponto alto dentre as escolhas de atores desse filme. Uma pena que o rumo quanto a este personagem também represente outro erro do filme.
Alfred também está muito mais ativo nesta nova versão, muito mais próximo do Alfred da série Gotham. Ele ajuda o seu patrão a desvendar mistérios, revela segredos do passado de Thomas Wayne e ainda fala um pouco sobre o seu próprio passado, fase que quase não é explorada em outras encarnações.
Batman de Matt Reeves tem uma pegada muito diferente, talvez não seja aquele filme da franquia que vai agradar a todos, no cinema vi muita gente entediada acessando o celular durante o filme, talvez esperassem mais ação e movimentação. Sim, não é fácil mesmo manter a atenção o tempo todo em um filme de quase 3 horas de duração, principalmente para aqueles que conhecem apenas o Batman psicopata do Ben Affleck. Concordo que não há motivos suficientes que realmente justifiquem a longa duração do filme, até porque este filme abre mão de contar a mesma história já contada várias vezes sobre a origem do Batman.
Mas dentre os poucos erros e ou muitos acertos, Batman é um grande filme que faz jus ao Batman verdadeiro, aquele que nasceu longe dos holofotes e das telas grande do cinema. O filme honra o legado do Homem-Morcego e merece ser aplaudido de pé.