Laranja Mecânica
Ano: 1971
Gênero: Drama, Ficção Científica
Classificação: 10
País: Estados Unidos
Plataforma: HBO-Max
Um dos trabalhos mais icônicos do genial cineasta Stanley Kubrick, considerado por muitos um dos melhores diretores de cinema que já existiram. Em Laranja Mecânica temos uma adaptação do livro que leva o mesmo nome. De forma brilhante o filme narra a história de Alex (Malcom Mcdowell) que com sua gangue juvenil, pratica ultraviolência e arruaça em uma Grã Bretanha futurística em um cenário distópico, após ser pego pela polícia ele tem como opção ser submetido a um tratamento experimental de cura com aval do governo contra o comportamento violento em troca de sua condenação a vários anos de prisão.
O longa que marcou época é também considerado por muitos um dos melhores filmes da história e completa nesse ano de 2021, 50 anos desde seu lançamento. Uma obra atemporal que consegue te inserir em futuro próximo, mesmo sendo assistido nos dias de hoje. Praticamente tudo no filme é marcante, sejam os closes fechados em olhares e expressões doentias (característica dos filmes de Kubrick), seja pela excelente trilha sonora de arrepiar que vai de Bethoven a Gene Keller, ou até mesmo pelo fim das noites da gangue que sempre terminam no Moloko Vellocet, uma espécie de drinkeria onde se vende leite misturado com drogas ilícitas.
Laranja Mecânica é de fato um filme perturbador, que sofreu com censura em diversos países, inclusive no Brasil, devido as sua cenas de nudez e violência gratuita. Claro que tudo faz parte de um contexto bem elaborado, mas tais cenas podem causar bastante incômodo para pessoas mais sensíveis. Quase todas as cenas de impacto têm como pano de fundo a música clássica, mais precisamente Bethoven, artista favorito de nosso personagem principal, que apesar de tudo tem grande apreço por música. Isso traz um charme extra ao drama, que também tem como uma de suas peculiaridades o fato de a linguagem utilizada ser uma espécie de dialeto que mistura a língua russa com gírias inglesas, chamado de Nadsat.
O filme conduz brilhantemente o repugnante Alex ao mocinho da história, dificilmente alguém que assistiu a Laranja Mecânica não teve essa sensação. Um dos pontos que ajudam nesse sentimento é a forma como a história é narrada por Alex, que não tenta justificar suas ações, transmitindo sempre um ar de sinceridade factível. A forma como a violência é retratada e reprimida é por vezes chocante e estranhamente cômica em alguns momentos, não menos chocante é a forma como o destino pode cobrar os delitos e maldades cometidas por Alex. O tratamento a que o protagonista é submetido consiste em sanar sua capacidade de cometer violência e até mesmo atos sexuais o que lhe deixa impotente diante da violência que o cerca quando é reinserido na sociedade. Ao assistir essa obra-prima certamente você ficará por algum tempo refletindo sobre o filme e os acontecimentos que lá são retratados, é um filme para ver e rever por muitas vezes. Uma crítica fortemente direcionada ao comportamento do ser humano que pode agir com uma hipocrisia profunda e que contém a violência inserida em seu dna. Incluem-se muitos aspectos a serem admirados nesse filme que contempla também uma arte incrível e atuações marcantes.